Ep.04 - Catequese do Jubileu Eucarístico 2025: Uma herança histórica: tesouro da fé católica

Aos diletíssimos fiéis diocesanos,
Nesta quarta catequese, em preparação para o Jubileu Diocesano dos 525 anos da primeira Missa no Brasil, refletiremos sobre os templos históricos de nossa Diocese de Eunápolis, dedicados pela fé a Nossa Senhora, a quem veneramos sob diversos títulos.
Na tradição católica, os templos são espaços sagrados que propiciam aos fiéis um ambiente de profunda intimidade com Deus. Nos primeiros séculos do cristianismo, devido à perseguição do Império Romano, os cristãos se reuniam em casas particulares, conhecidas como domus ecclesiae.
Em 233 d.C., na Síria, há registros da igreja de Dura-Europos, uma residência transformada em templo, conforme mencionado pelo historiador inglês Edward Palmer Thompson. Posteriormente, após o Édito de Milão, em 313 d.C., com a paz estabelecida pelo imperador Constantino, surgiram as monumentais igrejas: do Latrão, em 324 d.C., em Roma; do Santo Sepulcro, em 326 d.C., em Jerusalém; e de São Pedro, novamente em Roma, em 326 d.C. Esta última construída originalmente pelo próprio Constantino no local onde está o túmulo de São Pedro. “O zelo pela Casa de meu Pai, me devora!” (Jo 2,17).
Os templos físicos simbolizam a delimitação de um espaço de oração e a constituição de um ambiente de reverência e celebração da ação de graças a Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo. Pelo Batismo, "Deus fez de nós sua morada!" (1Cor 6,19). Em comunidade, utilizamos o templo para estabelecer um espaço celebrativo comunitário, pois "onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles" (Mt 18,20). Deus não está limitado a edifícios físicos feitos por mãos humanas (cf. At 7,48-50; 17,24-25; 1Rs 8,27; Is 66,1-2; Jr 7,4-7), mas nós precisamos desses sinais, que identificam nossa presença e testemunham nossa comunhão e unidade como comunidade de fé.
Temos plena consciência de que, enquanto os templos físicos celebram o poder glorioso de Deus, a imponência da fé e a riqueza da estética sacra, nós, batizados, somos templos vivos de Deus. No entanto, é importante recordar que nossa condição humana se vale do visível para acessar o invisível. Assim, os templos significam e simbolizam a glória de Deus entre nós. Deus não depende nem está preso aos templos, mas, neles, nós, homens e mulheres de fé, produzimos uma sintonia espiritual mais íntima com Deus.
Nossa Diocese possui um verdadeiro tesouro da fé: algumas das igrejas mais antigas do Brasil. Entre elas, destacam-se a Igreja de Nossa Senhora d’Ajuda, de 1549, que é o Santuário Mariano mais antigo do país, e a Igreja da Misericórdia, anteriormente conhecida como Igreja de Nossa Senhora dos Passos, construída em 1526 e reconstruída em 1535. Atualmente, esse templo abriga o museu de arte sacra. Outras importantes igrejas históricas incluem a Igreja de Nossa Senhora da Pena, de 1535, e a Igreja de São Benedito, de 1549. As três últimas estão localizadas próximas umas das outras, no centro histórico de Porto Seguro, declarado monumento nacional em 1973.
Caminhando sob a proteção de Nossa Senhora da Esperança, redescubramos nossas igrejas como espaços sagrados de louvor a Deus e de convivência comunitária na fé, onde subsiste a Igreja viva de Deus, que somos nós, batizados buscando a nossa santificação (cf. Catecismo, 816).
Eunápolis, 22 de março de 2025,
DOM JOSÉ EDSON SANTANA OLIVEIRA
Bispo Diocesano de Eunápolis
Costa do Descobrimento
